quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Música nova do ASDL

Fãs do ASDL e de um bom sambinha: Tem música nova vindo por aí.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Reflection Moment

Como você reagiria, se aos seus treze anos, fosse apresentado à sua versão de hoje em dia?

sábado, 24 de outubro de 2009

Rodrigo sagt (20:27):
ow
vende cueca no pão de açúcar?

Um gênio do humor.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Relembrando tempos de ouro...

-Mariazinha!
-Presente Professora.
-Pedrinho!
-Presente Professora.
-Ritinha!
-Presente Professora.
-Ó Vélverson, que das profundezas dos cataclismas redundantes brotastes, fazendo com que a terra, o céu e o mar, em um só se juntassem!! Venha com a força dos relâmpagos basculantes e destrua as barreiras sonoras das trepidações do hectoplasma! Ó Vélverson. Venha a nós.
-...presente, Professora.


Pense duas vezes antes de dar a seu filho um nome que lembre um herói grego.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Falta praticidade em falar "tchau" hoje em dia

Não foi uma vez só que aconteceu de um gringo vir me dizer que acha estranho como os brasileiros se despedem. Principalmente no telefone. Exemplo:

-Então tá bom Dercy, bom falar com você!
-Você também, Matilde! A gente vai se falando! Tá legal?
-Tá bom!
-Então tá! Tchau!
-Tchau.

Tataratatá! Maior enrolação pra falar "Bom falar com você! Até mais! Tchau!". Sendo que isso ainda poderia ser bem mais enxugado. Mas pelo menos não ficaria nesse pingue-pongue, no qual cada quique da bolinha corresponde a um "tá!".
Na verdade, o ato de se despedir de alguém como um todo é bem particular. E é impressionante como adotamos, por alguns segundos (ou minutos/horas no caso das mulheres) uma postura diferente da normal, que por muitas vezes torna esse espaço de tempo extremamente embaraçoso.
Outro exemplo para ilustrar o que eu digo: quantas vezes já aconteceu de você já ter se despedido de tal pessoa - seja um recente conhecido, velho conhecido, amigo, parente, o que for - e de repente foi bloqueado de alguma maneira que resultou em ficar ali junto dessa pessoa por mais algum tempinho?
Do tipo de falar tchau, sair do apartamento da pessoa e o elevador estar parado no térreo por causa do pessoal da mudança. E ter que ficar ali no hall, com a pessoa não querendo fechar a porta e você não querendo incomodar - aquela troca de sorrisos amarelos. Você vai ter que entrar de novo e ir talvez sair pelos fundos, onde aquele bendito pessoal da mudança realmente deveria estar.
Do tipo de sair da entrevista de emprego, falar tchau, agradecer e na hora de passar o crachá de visitante pra ir embora... cadê o crachá? Em cima da mesa do entrevistador, no décimo andar, junto com o celular que você também esqueceu lá. Meia-volta e um X na categoria "desatento".
Do tipo de estar esperando sua mae te pegar no shopping (típico da faixa etária 12-17 anos), avistar o carro chegando, falar tchau para aquela sua nova paquera que você ainda tem vergonha de ficar olhando por mais de dez segundos, sair correndo na chuva, abrir a porta do carro e... entrar no carro de um cara de barba ouvindo John Lennon. Não era a sua mãe. O jeito é voltar, e esperar, molhado, por mais uns minutinhos. Pelo menos nesse caso, o mico pago é assunto para reabrir o papo já finalizado.
Enfim, as boas maneiras e a etiqueta botam muita pressão nesse assunto. Poucos são aqueles que agem com naturalidade na hora de falar tchau. E as "frases feitas" podem resultar em desastre, se não forem bem combinadas. Gaguejos, resposta errada, frases sem sentido - espero que você tenha uma até mais tchau hein.
Dizer tchau deveria ser feito com naturalidade e não como uma sequência ativada por um movimento de olhar para o relógio, levantar da cadeira devagar ou por um silêncio ao fim de uma conversa.
É questão de prática.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Mentiras com gostinho de verdade - parte 1

Uma vez eu e um amigo meu estávamos sem fazer nada e contamos até dez mil. Eu contei os pares e ele os ímpares. Só paramos porque depois de dez mil, ele falou onze mil. Quase matei ele.

Um tio meu já foi pro Egito. Ele disse que lá, a palavra "navio" quer dizer "orfanato".

Uma vez eu tava andando sozinho na chuva e um raio caio no prédio ao lado. Uma parte da antena deve ter quebrado e acertou o carro que tava bem do meu lado. Eu podia jurar que era uma parte de um disco voador, mas deve ter sido a antena mesmo.

Quando eu jogava bola no dente-de-leite do flamengo, direto entrava nas baladas de graça.

Eu tenho um amigo que se chama Eika Demew Pinto. A mãe dele é jordaniana e o pai é brasileiro. Mas ele só fala Português.

Tem uma música do Maurício Manieri que eu ajudei a compor. Não aquela famosa dele, uma outra.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Dica rápida

Se um grande branco vem na sua cabeça toda vez que lhe perguntam quais são as cores do arco-íris, lá vai uma dica e tanto: "Váá, váá Viado!", cujas iniciais se referem a violeta, anil, azul, verde, amarelo, alaranjado e vermelho.
Jóia, né? Semana que vem, planetas do sistema solar (aposto que muitos já conhecem!).

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Impressionante como o ritmo das atividades afeta diretamente a criatividade e a vontade de escrever. A rotina suprime o lado direito do cérebro.

domingo, 6 de setembro de 2009

Beatles não é chato.

Beatles é MUITO chato. Pra mim, poucas bandas têm músicas mais chatas de ouvir do que os Beatles.
Não quero ser polêmico falando isso. Aliás, o mundo é polêmico. Tenho certeza que alguém que leu o começo do texto já deve ter deixado escapar um "oloco!", ou já me considerou um total ignorante.
Não sou ignorante. Desde pequeno criei raízes na música e sempre procurei encontrar as boas particularidades de cada gênero músical. Até axé e forró eu tentava escutar, pra ver o que eu encontrava de bom - no caso, nada. Mas eu tentei.
Beatles também. E não acho que o pacote seja ruim. Acho que as letras são interessantes, admiro do fundo do coração o impacto que tiveram na música e acho que as mensagens são muitíssimo bem intencionadas. Mas eles precisavam gravar todas as músicas dentro de uma caixa de fósforos?
E a levada é sempre a mesma. Eles podem mudar totalmente o ritmo ou o vocalista principal e mesmo assim, eu consigo identificar com a orelha direita tapada e de cabeça pra baixo, que estou ouvindo beatles. Não sei como, sério. Mas consigo. Deve ser um dom que nasceu comigo.
Ontem fui a uma feira típica aqui da região e algumas bandas amadoras tocavam, enquanto a galera (média de idade = 57 anos) comia, bebia e dançava. Até que o dono da academia em que eu malho entrou como vocalista da última banda da noite, fato que por sinal, aumentou a média para 59 anos.
Os caras tocavam várias músicas que eu conhecia de algum lugar, mas não sabia de onde. Músicas chatas. Foi o que me levou a comentar com a minha namorada:
-A feira é legal até, mas essas músicas são muito chatas. Parece Beatles.
Os caras finalizaram a música e, antes de começar a outra, lançaram:
-Mais uma dos Beatles.
Não tem erro. Eu não falho. Não é implicância. E sei que é minha opinião e acabou. Acontece que o assunto é bem mais polêmico do que isso. E já me rendeu discussões estratosféricas até com gente que eu não conheço. Simplesmente pelo fato de que eu acho que tem gente que gosta de Beatles por tabela. Porque é tipo uma lei mundial. Ninguém pode não gostar. Os caras revolucionaram a música! Não interessa se parece que eles estão tocando debaixo d'água.
E o problema não é que tem gente que gosta por tabela. O problema é que tem gente que gosta por tabela e quer que os outros façam o mesmo. E os argumentos seguem a linha "eles mudaram o Rock'n Roll", "você não estaria aqui se não fosse os Beatles", ou até "não converso com gente ignorante".
Sou muito aberto a novas opiniões. Mas não a clichês. E uma boa porcentagem aí das pessoas que defendem o grupo, defendem sem saber o que estão falando.
Já me indicaram músicas mais desconhecidas dos Beatles.
-E essa? Vai falar que não é bacana?
-Não é bacana.
Não adianta. Não gosto e acabou. Na verdade até queria gostar de uma música. Umazinha só. Pra poder falar numa discussão que eu gosto daquela música e ficar por isso mesmo. Evitar os "CARA, você não curte Beatles? OLOCO!!!".
Sei que já estou sendo meio crica, falando mal por falar.
Na verdade é só um treinamento pra amanhã. Na academia, vou falar pro cara que gostei bastante do som, mas que não gosto de Beatles. Ele vai chamar todo mundo e começar a falar do ocorrido. Vale a experiência. Só vai ser difícil argumentar na língua dele.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Psicológico x Escritor

Tema batido. Força do psicológico. Em uns, mais fraca, em outros, mais forte. Mas definitivamente onipresente. Tenho que confessar que quando era pequeno, perdi muitas batalhas para essa força interior que tentava dominar meu corpo definitivamente. A guerra era sempre cruel. Tratava-se de um grande potencial. Meu psicológico foi campeão mundial em 1989 e 1991. Ficou em terceiro lugar em 1993. E realmente não mereceu o primeiro lugar nesse ano.
Mas o título de 1991 ninguém discute. Afinal, tinha bronquite e mais de uma vez por mês, ia ao médico com falta de ar, achando que iria morrer - ou algo pior - e ao pisar na sala do doutor, melhorava instantaneamente. Instantaneamente. Nem a comissão julgadora do campeonato mundial de força do psicológico acreditava. Mas eu tinha muitas testemunhas para provar. Era batata. Acordava no meio da noite com falta de ar, preocupava a casa inteira, ia correndo para o médico, entrava na sala e pronto! Passou. Era só eu falar algo desse gênero que meus pais queriam morrer de vergonha. E o doutor não conseguia mais diagnosticar.
Claro que não foi sempre assim. Diria quarenta por cento das vezes. E também não era por querer atenção que acontecia. Nunca fui mimado. Meus pais jamais alimentariam qualquer atitude desse tipo. Por isso aprendi que minha bronquite era sempre desencadeada por um processo alérgico e era agravada pelo meu psicológico. Começava a reparar que minha respiração havia mudado e com isso, me desesperava, com medo do que ainda estava por vir.
Mas essa disfunção na infância foi fundamental para que eu conseguisse aumentar cada vez mais o controle sobre meu psicológico, até ele perder o mundial em 1993 e ser suprimido de vez até os dias de hoje. "De vez" é exagero. Ele ainda se mexe no caixão.
Hoje, por exemplo, estava preparando comida: macarrão do tipo canudinho na água, fritando carne moída e esquentando um desses molhos prontos, à bolognesa. Já tinha preparado metade do pote há um mês atrás e agora estava terminando com o restinho.
Tudo pronto, misturei tudo numa panela e já estaria pronto pra servir. No entanto, na hora de jogar o pote fora, vi que na boca do vidro tinha uma pequena comunidade de fungos, já que o molho havia ficado guardado por tanto tempo. Olhei pro macarrão, sem forças pra cozinhar tudo de novo, e tentei retirar o máximo do molho que pude. Substitui por outro. Mas era de se notar a presença do outro, contaminado.
Não liguei muito. Pensei no que o time de futebol acharia de mim se eu contasse que joguei a comida fora por causa de um funguinho na boca do pote que eu nem sabia se havia realmente encostado no molho. E comi.
Demorou cinco minutos pra eu começar a passar mal. Era uma dor de estômago, vontade de vomitar, que resolvi não comer o terceiro prato. Joguei fora os doze macarrões que haviam sobrado. E comecei a pensar no que fazer.
Enquanto passava mal, tive a idéia de ver há quanto tempo o molho estava completamente estragado - dado oficial fornecido pelo meu estômago que agora parecia estar dançando um tango argentino com o meu fígado, enquanto meu intestino fazia a "ola" que ia desde o grosso até o delgado.
Corri para o lixo e peguei o pote. Antes de encontrar a data de validade, olhei mais uma vez para o responsável pela festa que acontecia no meu abdôme e...
-Peraí! Olhando desse jeito, esse fungo parece mais o papelzinho de selagem com uma ervas do molho por cima...
Pois é. A festa acabou. O tango e a "ola" também pararam, para voltar para suas funções corpóreas naturais. A cara do meu médico de "você aqui de novo, menino?" voltou imediatamente à minha memória, corando um pouco meu rosto, enquanto jogava a lata de volta ao lixo.
Recaída de leve.
Acontece.
Afinal, é sempre bom rever um velho companheiro.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

MARRA sagt (20:47):
oi
Rodrigo sagt (20:48):
fala reis
MARRA sagt (20:48):
sabe o q reis significa aqui?
Rodrigo sagt (20:49):
banana
MARRA sagt (20:50):
quase
é de comer
Rodrigo sagt (20:50):
mostarda
MARRA sagt (20:50):
nao
Rodrigo sagt (20:50):
anchovas
Rodrigo sagt (20:51):
peito de peru
lombo
MARRA sagt (20:51):
nao
nao
nao
Rodrigo sagt (20:51):
arroz
feijão
batata
macarrão
pizza
leite-moça
MARRA sagt (20:51):
ACERTOU
é um desses
chuta um
Rodrigo sagt (20:51):
leite moça
MARRA sagt (20:51):
ahhhh errou
Rodrigo sagt (20:52):
feijão
MARRA sagt (20:53):
errou
Rodrigo sagt (20:53):
macarrão
MARRA sagt (20:53):
errou
hihihi
Rodrigo sagt (20:53):
batata
porra
MARRA sagt (20:53):
HAHAHAHAHA
ERROU
Rodrigo sagt (20:53):
pizza???
pizza não é pizza mesmo?
MARRA sagt (20:53):
HAHAHHAHAHAHHAHAHAHAH
HAHAHHAHAHHAHAHAHHA
que incrivel
MARRA sagt (20:54):
vc errou até sobrar o ultimo
Rodrigo sagt (20:54):
puta que pariu
é arroz

Caretinhas

Uma das coisas mais engraçadas que eu sempre achei, desde pequeno, é conversar com pessoas que inconscientemente revivem as coisas que você conta. Isto é, elas têm a face dominada por sua história do princípio ao fim. Você fala que levou um baita susto e elas te olham assustadas. Você fala que depois ficou tudo bem, elas sorriem aliviadas pra você. Você fala que existem pessoas que te tiram do sério e elas concordam completamente irritadas, como se o tempo realmente tivesse fechado. Mas basta você contar algo engraçado que elas irão rir mais do que você, fazendo a piada perder totalmente a graça. Sem contar as pessoas que repetem baixinho o que você fala, com um delay de milisegundos. Chega a assustar.
Sempre tive amigos assim. E sempre instigava conversas beirando os limites, para ver se algum dia teriam um treco. Nunca aconteceu, mas com certeza me diverti muito com as expressões faciais fora de controle.
Sempre foi tudo muito engraçado. Até ontem. Eu estava no metrô olhando para um cara que devia ter algum distúrbio, e por causa disso, fazia umas cinco caretas por minuto. Eu havia pego a linha que mais demora pra chegar na minha casa, o que me fez ter uns bons minutos de diversão. E, já treinado a observar esse tipo de curiosidade, toda vez que eu sentia que seria descoberto, desviava meu olhar. No entanto, esse cara começou a retribuir o olhar. Sem querer ser descoberto. Ele olhava, eu percebia, olhava pra ele, ele desviava e fazia uma careta. E vice-versa. Vice-versa mesmo. Ao fugir de um dos seus olhares, olhei para fora do metrô e o vidro da janela refletiu minha própria face. E eu estava fazendo uma careta. A mesma careta dele, como se eu tivesse mexido com algo que não devia. Agora eu teria pego sua maldição e iria fazer a essa careta pro resto da minha vida, em intervalos de dezenas de segundos.
Desci do metrô preocupadíssimo, pensando em como seria trabalhar com esse problema. Iria perder as minhas amizades. Me tornaria uma caricatura para entreter os outros. E foi aí que o ápice da preocupação tomou conta de mim: E se eu sempre fiz essa careta, e o CARA tenha pego ela de mim?
Tudo começou a fazer sentido. Todas as pessoas que estavam sempre rindo do que eu falava, não riam de mim, mas riam da minha cara. Todos os foras que levei, todos os olhares estranhos. Tudo fazia sentido. E as pessoas que faziam as caretas que me divertiam, nada mais faziam do que me arremedar facialmente. Que tristeza que comecei a sentir.
Mas então lembrei que na terceira série havia perdido a competição de caretas da sala. Havia ficado entre os últimos, sei lá. Não podia ser isso. Eu realmente havia começado naquele momento. Cheguei em casa, olhei no espelho por dois minutos e vi que não estava mais fazendo careta. Foi coisa momentânea. Respirei aliviado e esqueci do tema.
Hoje reencontrei o mesmo cara. Ele acenou amigavelmente com um lenço branco em sua mão. Retornei o cumprimento. Mas não era pra mim. Era pra uma senhora de idade atrás de mim. Ela fez uma careta.

domingo, 30 de agosto de 2009

Passando uma camisa.

Quem nunca passou uma camisa social - é obrigatório ter pelo menos 2 pregas na manga e as benditas pregas das costas - não parou pra pensar na vida de verdade. Uma DR se torna um papinho rápido de duas pessoas comprometidas, perto da complexidade e aprofundamento intelectual do ferro escorregando sobre o tecido, permitindo que as reflexões se estampem nas nuvens de vapor - embora o ferro a vapor não seja obrigatório.
Sou novato nesse mundo paralelo, é verdade. Mas já são dois meses de uma longa conversa comigo mesmo. Houve o período que eu temia a tábua de passar. Não pelo fato de ter que passar umas cinco camisas - o que levaria duas horas e meia até então-, mas por poder entrar nessa outra dimensão e nunca mais voltar. Começaria a passar, sem perceber, as cortinas da casa, os lençóis da cama, os quadros das paredes, tudo sob a grande concentração que aquele artefato elétrico proporcionava. Mas tratou apenas de um período de adaptação. Já sou inteiramente capaz de controlar a magnitude dos devaneios. Claro que mesmo assim, nunca arriscaria executar a tarefa sem uma televisão ou música ligada.
E estou impressionado com o quanto a minha opinião mudou sobre isso tudo. Há oito semanas atrás, estava colocando gelo no dedinho do pé, após chutar a tábua de passar, num ataque de rebeldia contra a bendita manga que, sempre ao passar de um lado, amassava do outro. Não foi exagero. Levei cinquenta minutos para passar essa camisa. Apesar de que grande porcentagem da demora é atribuída ao fato de eu, depois do tal ataque, não conseguir colocar o pé no chão.
De qualquer maneira, após esse imprevisto com a camisa, tudo só tendeu a melhorar.
Teve o dia que preparei uma carne e tomei cerveja enquanto passava, o que resultou em carne mais do que bem-passada e camisas muito mal-passadas.
Teve o dia que derrubei o ferro no chão, de bico para baixo, abrindo um buraco no chão de madeira da casa que alugo, seguido de três pais-nossos, agradecendo por não ter caído nos meus piés descalzos.
Teve também o dia que passei duas camisas com o ferro desligado, rendendo a academia da semana inteira, muito suor e camisas tristes comigo.
Tudo, porém, acompanhado de muito bom humor e uma dorzinha de leve nas costas. Aliás, estou elaborando um projeto de melhoria para o design das atuais tábuas de passar, garantindo maior desempenho e mais conforto para a dona-de-casa. Fora mais dois projetos sobre temas completamente diferentes. Passar camisas aumenta minha atividade cerebral.
Enfim, uma grande oportunidade para pensar nas coisas. Relembrar um problema, espremer com o ferro contra a tábua e guardar debaixo de uma das pregas da manga. Problema resolvido. Que venha o próximo. Tem lugar suficiente dentro do bolso, no avesso, debaixo do colarinho... e enquanto passo, o tempo passa junto.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Como explicar para um índio do século XV como funciona a internet móvel

-Amigo Pena Branca, esse USB-Stick que você está vendo, não é um qualquer. É o que me possibilita ter acesso à minha internet móvel! Assim posso navegar na internet de onde eu estiver.
-O que ser Internet?
-Internet é uma rede que compartilha informações entre pessoas do mundo inteiro. Elas apenas têm que ligar o computador, e se conectar. Com isso é possível navegar na internet, isto é, entrar em páginas, usar programas de chat, fazer downloads, etc.
-Homem Branco consegue navegar com uma rede? Rede de cipó???
-Não. Chamamos de rede pela complexidade do sistema. São servidores interligados a backbones, que formam grandes pólos de comunicação. E isso começa com o computador dentro da sua casa.
-O que ser computador?
-Computador é essa máquina que você está vendo. É como se fosse uma televisão que interage com você. Mas ao invés de assistir canais apenas, você tem uma infinidade de opções: escrever emails, criar programas, jogar vários games, etc. Com a adição da internet, as opções vão além!
-O que ser Internet?
-Eu já expliquei.
-Mas como trocar informações? Onde estar ouvidos dele?
-Hehehe, não. É mais do que isso. As principais interfaces do computador são o mouse e o teclado. Com eles, posso selecionar e escrever o que quero, respectivamente. Posso ainda ouvir som das caixas internas e gravar, através de um microfone.
-O Pomcutador ser escravo?
-Computador. Não. Na verdade, não é uma pessoa nem animal. É uma máquina. Hum, algo que não tem vida.
-Espírito???
-Não. É como se fosse uma jangada. Ou uma Oca. Algo que o humano construiu, para que lhe servisse de ferramenta.
-Caçar com computador?
-Não diria caçar com o computador, mas eu consigo entrar na internet, procurar o frigorífico mais perto de mim e mandar um email, ou ligar do skype, para que eles entreguem aqui. Mas se você faz questão de caçar, posso procurar por armas e um lugar regularizado pra caça.
-Não quero. Não ter graça.
-Que tal uma BALADA então? Só entrar no agitoselva.com.br e já era.
-Balada?
-Brincadeira, Pena Branca. Brincadeira.
-Homem Branco vai ter que ir. Pena Branca ter que caçar. Ficar três dias na floresta e poder não voltar. Perigoso.
-Certeza que não quer usar a internet pra conseguir comida? Demora cinco minutos pra achar e vinte minutos pro motoboy trazer. Se ele não chegar a tempo, não pagamos nada. Que tal?
-Pena Branca estar velho e cansado. Aceitar oferta generosa de Homem Branco.
-Certo! É só entrar no Google e pesquisar aqui... AH VELHO! TÁ FORA DE ÁREA! SACANAGEM!
-Hahahahaha. Pena Branca saber que Homem Branco falar demais. Até, Homem Branco!
-Não, peraí... deixa eu ver se mais pra esquerda funciona... volta aqui, Pena Branca!!!

E é essa história que passa pela minha cabeça toda vez que vejo essa minha internet inútil me mostrando 0.00 Kb/s.
Desaconselho fortemente quem estiver por optar pelo serviço de internet móvel da O2.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Prazer, meu nome é tryivbgreuibvsvs, tudo bem?

O velho problema do tufão americano passando bem na hora que você está conhecendo uma pessoa. Existem outras versões - um ser do além te cutucando, a pessoa ficar invisível, você morrer por dois segundos e voltar -, mas enfim, todas afunilam para o mesmo efeito: você não guardou o nome da pessoa. E por enquanto, não sabe disso. Mas isso pode te trazer sérias consequências no futuro. Se era o segurança da balada que você adora ir, acabou de perder um esquema. Se é alguém do trabalho, pode ter certeza de que ainda vai precisar dessa pessoa, num momento singular que ninguém vai estar por perto pra te ajudar. Se era um parente da sua namorada, pode esperar. Durante o próximo almoço em família, você vai querer dar uma de bacana, contar uma história, e na hora de citar que o tal fulano estava lá, tarde demais. Você já apontou pra ele, já fez força pra lembrar, já ficou vermelho e a essa altura, sua namorada - a única na mesa que foi capaz - te ajuda. Já era, não tem volta. Já ganhou o rótulo do metido a engraçadinho insensível.
Mas o que acontece nesse momento tão crucial ao conhecer uma pessoa?
Uma forte teoria defende o fato de que algumas pessoas sejam iluminadas e recebam mensagens divinas/extraterrestres/nada a ver durante toda a sua vida. E estas mensagens chegam sempre durante esses momentos de apresentações, para que a pessoa possa ser protegida de um mal maior. Dessa maneira, quanto menos nomes essa pessoa conhecer, maior vai ser o seu poder e consequentemente, mais protegida estará a humanidade.
Existe uma segunda teoria que fala sobre a concentração de hemácias no tímpano. Quando o cerébro identifica uma frase que introduz uma variável - para os leigos, "quando o cerébro identifica através de uma frase, que uma informação a ser guardada está vindo" -, ele diminui a quantidade de hemácias no seu tímpano, deixando-o temporariamente surdo e emite um sinal elétrico através de seus neurônios, percorrendo seus nervos, chegando até a extremidade dos seus dedos - e outras partes de seu corpo. Para algumas pessoas, esse distúrbio pode se situar em uma faixa de tensão corporal proibida e gerar efeitos alucinógenos, que por sua vez criam as miragens inicialmente citadas. O mesmo acontece quando sua mãe te pergunta se você já arrumou seu quarto, ou quando sua vizinha resolve falar sobre os problemas da vida dos outros. São comunicações perigosas, que podem se tornar irreversíveis, transformando-o numa batata sem opinião própria. Pura medicina ocidental.
Acredita-se também que esse problema venha do fato de que a pessoa, ao invés de prestar atenção no nome do apresentado, já esteja pensando em dizer o seu próprio. Ou qual será o comentário depois dessa troca de informações.
O que está certo, ninguém sabe.
Eu tenho esse problema e acredito ser uma pessoa especial. Fico então com a primeira opção.
-Letra A, Sílvio.
-Mas ooooooi. Muito bem, muito bem, você não pode mais mudar. Qual é a resposta certa Lombardi?
-Letra A, Sílvio.
-Você acaba de ganhar vinte barras de ouro que valem mais do que dinheiro! Qual é o seu nome?
-Jdhffioadaonc, Sílvio.
-Er... senta lá, senta lá!
(...)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Hoje estou meio Asus4, F#m7, Dsus4, E

Não encontrei combinação que melhor retratasse o que estou sentindo agora. Tem dias que acordo com inspiração pra compor uma música, mas raríssimas são as vezes que as palavras vão para um papel tomando uma forma final que me agrade. Minha inspiração dura sempre pouco, e geralmente escrevo qualquer coisa pra terminar logo a música. Por isso nunca escrevi uma música que me agradasse totalmente - se isso acontecer algum dia, podem ter certeza que vão ouvir nas rádios, modéstia à parte.
Mas hoje não se trata de escrever a letra. Fiquei por muitos minutos tocando incessantemente a sequência Asus4, F#m7, Dsus4, E. O tempo todo, mudando de vez em quando o ritmo do grave tentando surpreender o único ouvinte do recinto.
Não faço mesmo a menor idéia de quanto tempo fiquei tocando essa sequência. Sem idéia de refrão, de bridge, de nada. Simplesmente tocando e fazendo a trilha sonora desses desconhecidos alguns minutos. Várias idéias vieram sobre estrofes, ritmos, melodias. Mas dessa vez, preferi ficar apenas tocando, enquanto pensava sobre diversas coisas.
Quando parei de tocar, fiquei ainda mais convencido do potencial das idéias que tive durante a música sem letra. Mas pela primeira vez senti que a ausência da letra fez com que somente a sequência de acordes já falasse pelo momento. E dessa vez não foi preguiça que me impediu de compor alguma coisa. Foi talvez um respeito àquela sequência simples de quatro acordes, que me permitiu pensar tranquilamente sobre tanta coisa por mais de dez minutos.
Se algum outro momento aparecer e pedir a mesma sequência, mas agora acompanhada de uma melodia, vai na hora pro papel. Porque me impressionei com o seu poder. Muitos podem talvez não entender o que há de tão forte nesses quatro acordes combinados tocados por uns cinco minutos - é por isso que existe a letra. Mas a verdade é, que nesse caso, a letra só vai maquiar a influência do som da música sobre aquela pessoa que tem tantas coisas a pensar. Nesse caso, a pessoa não vai prestar atenção na letra. Nesse caso, ela mesma escreve sua própria letra, que irá derivar de suas mais profundas reflexões sobre o que acontece na sua vida. Por reles dois minutos.
Qualquer dia vou escrever tudo isso em forma de música. Mas espero que ao ouvir, as pessoas estejam desatentas o suficiente pra poder pensar no que quiserem durante a música toda e no final, como dica de seu subconsciente pensar:

- Impressão minha ou a música falava sobre minha vida?

E isso tudo em poucos segundos.
Hoje tive a idéia de fazer uma análise da Coletânea do Bon Jovi, mas fui lembrando de tanta música massa que preferi ficar tocando mesmo.
Ouçam Bon Jovi. O cara sabe escrever. Prestem atenção na letra.
Só aceito críticas de quem conseguir cantar o "OOO-OW living on a prayer....". Senão terá que admitir a superioridade tonal do cara.
Sugestão: Never Say Goodbye e You Had me from Hello.
Se essa última não conquistar a mulher que você ama, pode vir criticar também. Mas favor colocar um (*) no comentário, para eu poder identificar o motivo de sua queixa.
São 21:58. Tenho 2 min pra tocar + 1 musica.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Por que estou sempre rindo às 7:36 da manhã.

Embora soe bonitinho, não foi sempre assim.
Tudo começou em um dia que acordei atrasado e alguma coisa do gênero "gravata não-perfeita", ou muito açúcar no leite, ou o celular nao desbloquear após eu apertar "*" e "Desbloquear" - coisas que me tiram facilmente do sério - aconteceu.
Então, ao invés de 7:34, saí às 7:56 de casa, atrasado. O metrô já tinha passado e isso foi capaz de aumentar ainda mais o meu mau humor.
Até que dei de cara com a placa que eu via todo dia, a mesma propaganda política do velhinho sério, que dubitavelmente iria conquistar alguma coisa nas eleições desse ano, graças à sua falta de expressão facial. Mas nesse dia notei que o velhinho pertencia ao partido FDP - Freie Demokratische Partei - e isso mudou o meu dia.
Olhei bem na cara do velhinho e falei:
-Filho da Puta.
E comecei a dar risada. O coitado do velhinho nem pode se defender. Continuou me encarando, frágil, até que meu caminhar cortou seu campo de visão.
A partir desse dia, sempre que passo pela placa, começo a rir sozinho. Não falo mais nada, deixei o velhinho em paz. Mas ele sabe muito bem o que eu penso. E acho que é por isso que ele continua a me encarar, dia após dia. Velhinho firme. Só escolheu o partido errado.

Dois Litros por Dia

"É saudável". Uma das verdades universais. Tomar água a baldes durante o dia faz bem pra saúde. Adquiri esse hábito assim que comecei a trabalhar por aqui. Todos os dias, quase um litro e meio de água com gás misturado com uma garrafinha de 500 ml de suco de maçã. É o que eles chamam de Schorle, um refrigerante pseudo-caseiro sabor maçã. Confesso que já fazia tempo que não via o resultado ser tão transparente - na verdade não presto a devida atenção na minha alimentação. Mas quanto a fazer bem pra saúde, não obtive resultados concretos que me permitissem elaborar uma opinião.
Pra ser sincero, a única opinião que tenho até agora é a de que esse hábito está fazendo mal mesmo é pra minha imagem. Hoje contei. Nove idas ao banheiro, durante o horário corporativo. Nove idas. E o efeito é imediato: as pessoas estão já me olhando de lado. Assunto delicado pra conversar com o estrangeiro que acabou de chegar. Mas a verdade é que já devem estar pensando que no Brasil não tem banheiros ou que eles são comandados pelos mandantes do tráfico na favela.
Em condições diuréticas, aceito de cabeça erguida ter minha bexiga comparada a de uma jovem aristocrata que não está acostumada a beber. Porque sei que tem muita gente nesse buraco comigo. Mas a história aqui é diferente. Até onde sei, suco de maçã não é diurético.
No entanto, o que descobri foi: as pausas contínuas têm contribuido muito para a minha performance. Levantar da cadeira, caminhar até o banheiro, sorrindo para as pessoas - que devem estar organizando um bolão de apostas dentro de seus escritórios para tentar acertar quantas vezes irei nesse mesmo dia - acabou se tornando um ritual crucial para retornar aos problemas com um olhar diferente. E encontrar soluções que antes não vinham.
Claro que seria bem mais válido (para minha imagem) levantar e caminhar pelo corredor. Ou subir e descer um andar. Quem sabe assim não iria parecer que tenho uma bola de tênis no lugar da bexiga. Mas não acredito tampouco que eu iria conseguir me desconcentrar tão fácil e em tão pouco tempo. Logo, a conclusão é: a bexiga é um dos órgãos mais sábios que eu tenho. E hoje a imagino com um bigode e um chapéu chineses - coisa de sabedoria chinesa mesmo.
Enfim, recomendo a prática. As vantagens são muito grandes. Desempenho melhor, distrações contínuas e a tal da melhoria na saúde. Só pela última não assino embaixo.
A desvantagém porém, é o impacto negativo no seu social. Enquanto você não esclarecer a razão das suas idas constantes ao toalete, será fácil vítima de apostas coletivas, olhares de canto e quem sabe de umas piadinhas inteligentes de duplo sentido, do tipo - "Cara! Já são 5h! Acho que vou-me já!" ou "Rapaz, não acha que seria legal colocar um VASO no seu escritório?".
No meu caso ainda tá valendo a política de respeito àquele que acabou de chegar. E acho que vai ficar por isso mesmo. Talvez seja coisa da minha cabeça. Ninguém deve ter reparado.
Só espero que não me ofereçam o escritório vago que fica mais perto do banheiro.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Esclarecimentos

Questão de escolhas. O que leva alguém a criar um blog pra escrever sobre sua vida, sobre uma outra pessoa - leia-se "extrema falta de personalidade" - ou sobre assuntos, que irão possivelmente transmitir algum tipo de opinião àqueles que tiveram a curiosidade de visitar o blog? Durante minha adolescência, blog pra mim era coisa de gente que não tinha amigos. Gente que tinha muita coisa pra falar, mas poucos pontos na escala do IBOPE - do tipo antiga Rede Manchete. Hoje já não vejo tanto assim. Ainda acredito que existam os emos, os sem-ter-o-que-fazer, os sem-personalidade e os semeadores de discórdia - os que escrevem pra chamar atenção, causando qualquer tipo de discórdia, mas vejo que escrever abertamente tem muito a agregar, em termos de feedbacks.
O meu motivo foi questão de escolha. Acredito que quase nada que acontece à minha volta passe despercebido. E o conjunto de acontecimentos, de impressões e expressões e de feedbacks garantem a cada dia uma nova teoria sobre os causadores de engarrafamento, sobre a influência das cores sobre as pessoas, sobre o estresse de pessoas que têm seu caminho impedido por outra pessoa desatenta e assim por diante. A vida possui diferentes fases e esta, em particular, gerou essa demanda de escrever sobre pensamentos. Talvez porque aconteça em um novo cenário, que não se refere a um tão novo local, mas que definitivamente possui novas circunstâncias. Uma delas pode ser ironicamente um baixo índice na escala do IBOPE pelo fato da rede não oferecer o recurso da tecla SAP.
Vai saber até quando essa demanda vai durar. Pode ser que amanhã um novo episódio distraia toda essa sequência de pensamentos. E mais um blog com apenas uma postagem é criado. É questão de escolha. Continua ou não.
Criatividade é lema principal do blog. Quem espera apenas idéias excêntricas moldadas por um Português de 1500 pode se decepcionar. Não é pra ser excêntrico, nem dramático, nem arrojado, nem cult. Não estou escrevendo um diário, totalmente fechado aos meus comentários. Estou dando continuidade aos meus pensamentos e buscando agora o feedback. Adicionar opiniões à minha opinião. Tenho certeza que muitos vão identificar seu perfil com a idéia geral.

Bem vindo. Bienvenido. Welcome. Willkommen.

Não haveria melhor maneira para: me despedir & retratar um pouco do contexto atual.

(: