quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Impressionante como o ritmo das atividades afeta diretamente a criatividade e a vontade de escrever. A rotina suprime o lado direito do cérebro.

domingo, 6 de setembro de 2009

Beatles não é chato.

Beatles é MUITO chato. Pra mim, poucas bandas têm músicas mais chatas de ouvir do que os Beatles.
Não quero ser polêmico falando isso. Aliás, o mundo é polêmico. Tenho certeza que alguém que leu o começo do texto já deve ter deixado escapar um "oloco!", ou já me considerou um total ignorante.
Não sou ignorante. Desde pequeno criei raízes na música e sempre procurei encontrar as boas particularidades de cada gênero músical. Até axé e forró eu tentava escutar, pra ver o que eu encontrava de bom - no caso, nada. Mas eu tentei.
Beatles também. E não acho que o pacote seja ruim. Acho que as letras são interessantes, admiro do fundo do coração o impacto que tiveram na música e acho que as mensagens são muitíssimo bem intencionadas. Mas eles precisavam gravar todas as músicas dentro de uma caixa de fósforos?
E a levada é sempre a mesma. Eles podem mudar totalmente o ritmo ou o vocalista principal e mesmo assim, eu consigo identificar com a orelha direita tapada e de cabeça pra baixo, que estou ouvindo beatles. Não sei como, sério. Mas consigo. Deve ser um dom que nasceu comigo.
Ontem fui a uma feira típica aqui da região e algumas bandas amadoras tocavam, enquanto a galera (média de idade = 57 anos) comia, bebia e dançava. Até que o dono da academia em que eu malho entrou como vocalista da última banda da noite, fato que por sinal, aumentou a média para 59 anos.
Os caras tocavam várias músicas que eu conhecia de algum lugar, mas não sabia de onde. Músicas chatas. Foi o que me levou a comentar com a minha namorada:
-A feira é legal até, mas essas músicas são muito chatas. Parece Beatles.
Os caras finalizaram a música e, antes de começar a outra, lançaram:
-Mais uma dos Beatles.
Não tem erro. Eu não falho. Não é implicância. E sei que é minha opinião e acabou. Acontece que o assunto é bem mais polêmico do que isso. E já me rendeu discussões estratosféricas até com gente que eu não conheço. Simplesmente pelo fato de que eu acho que tem gente que gosta de Beatles por tabela. Porque é tipo uma lei mundial. Ninguém pode não gostar. Os caras revolucionaram a música! Não interessa se parece que eles estão tocando debaixo d'água.
E o problema não é que tem gente que gosta por tabela. O problema é que tem gente que gosta por tabela e quer que os outros façam o mesmo. E os argumentos seguem a linha "eles mudaram o Rock'n Roll", "você não estaria aqui se não fosse os Beatles", ou até "não converso com gente ignorante".
Sou muito aberto a novas opiniões. Mas não a clichês. E uma boa porcentagem aí das pessoas que defendem o grupo, defendem sem saber o que estão falando.
Já me indicaram músicas mais desconhecidas dos Beatles.
-E essa? Vai falar que não é bacana?
-Não é bacana.
Não adianta. Não gosto e acabou. Na verdade até queria gostar de uma música. Umazinha só. Pra poder falar numa discussão que eu gosto daquela música e ficar por isso mesmo. Evitar os "CARA, você não curte Beatles? OLOCO!!!".
Sei que já estou sendo meio crica, falando mal por falar.
Na verdade é só um treinamento pra amanhã. Na academia, vou falar pro cara que gostei bastante do som, mas que não gosto de Beatles. Ele vai chamar todo mundo e começar a falar do ocorrido. Vale a experiência. Só vai ser difícil argumentar na língua dele.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Psicológico x Escritor

Tema batido. Força do psicológico. Em uns, mais fraca, em outros, mais forte. Mas definitivamente onipresente. Tenho que confessar que quando era pequeno, perdi muitas batalhas para essa força interior que tentava dominar meu corpo definitivamente. A guerra era sempre cruel. Tratava-se de um grande potencial. Meu psicológico foi campeão mundial em 1989 e 1991. Ficou em terceiro lugar em 1993. E realmente não mereceu o primeiro lugar nesse ano.
Mas o título de 1991 ninguém discute. Afinal, tinha bronquite e mais de uma vez por mês, ia ao médico com falta de ar, achando que iria morrer - ou algo pior - e ao pisar na sala do doutor, melhorava instantaneamente. Instantaneamente. Nem a comissão julgadora do campeonato mundial de força do psicológico acreditava. Mas eu tinha muitas testemunhas para provar. Era batata. Acordava no meio da noite com falta de ar, preocupava a casa inteira, ia correndo para o médico, entrava na sala e pronto! Passou. Era só eu falar algo desse gênero que meus pais queriam morrer de vergonha. E o doutor não conseguia mais diagnosticar.
Claro que não foi sempre assim. Diria quarenta por cento das vezes. E também não era por querer atenção que acontecia. Nunca fui mimado. Meus pais jamais alimentariam qualquer atitude desse tipo. Por isso aprendi que minha bronquite era sempre desencadeada por um processo alérgico e era agravada pelo meu psicológico. Começava a reparar que minha respiração havia mudado e com isso, me desesperava, com medo do que ainda estava por vir.
Mas essa disfunção na infância foi fundamental para que eu conseguisse aumentar cada vez mais o controle sobre meu psicológico, até ele perder o mundial em 1993 e ser suprimido de vez até os dias de hoje. "De vez" é exagero. Ele ainda se mexe no caixão.
Hoje, por exemplo, estava preparando comida: macarrão do tipo canudinho na água, fritando carne moída e esquentando um desses molhos prontos, à bolognesa. Já tinha preparado metade do pote há um mês atrás e agora estava terminando com o restinho.
Tudo pronto, misturei tudo numa panela e já estaria pronto pra servir. No entanto, na hora de jogar o pote fora, vi que na boca do vidro tinha uma pequena comunidade de fungos, já que o molho havia ficado guardado por tanto tempo. Olhei pro macarrão, sem forças pra cozinhar tudo de novo, e tentei retirar o máximo do molho que pude. Substitui por outro. Mas era de se notar a presença do outro, contaminado.
Não liguei muito. Pensei no que o time de futebol acharia de mim se eu contasse que joguei a comida fora por causa de um funguinho na boca do pote que eu nem sabia se havia realmente encostado no molho. E comi.
Demorou cinco minutos pra eu começar a passar mal. Era uma dor de estômago, vontade de vomitar, que resolvi não comer o terceiro prato. Joguei fora os doze macarrões que haviam sobrado. E comecei a pensar no que fazer.
Enquanto passava mal, tive a idéia de ver há quanto tempo o molho estava completamente estragado - dado oficial fornecido pelo meu estômago que agora parecia estar dançando um tango argentino com o meu fígado, enquanto meu intestino fazia a "ola" que ia desde o grosso até o delgado.
Corri para o lixo e peguei o pote. Antes de encontrar a data de validade, olhei mais uma vez para o responsável pela festa que acontecia no meu abdôme e...
-Peraí! Olhando desse jeito, esse fungo parece mais o papelzinho de selagem com uma ervas do molho por cima...
Pois é. A festa acabou. O tango e a "ola" também pararam, para voltar para suas funções corpóreas naturais. A cara do meu médico de "você aqui de novo, menino?" voltou imediatamente à minha memória, corando um pouco meu rosto, enquanto jogava a lata de volta ao lixo.
Recaída de leve.
Acontece.
Afinal, é sempre bom rever um velho companheiro.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

MARRA sagt (20:47):
oi
Rodrigo sagt (20:48):
fala reis
MARRA sagt (20:48):
sabe o q reis significa aqui?
Rodrigo sagt (20:49):
banana
MARRA sagt (20:50):
quase
é de comer
Rodrigo sagt (20:50):
mostarda
MARRA sagt (20:50):
nao
Rodrigo sagt (20:50):
anchovas
Rodrigo sagt (20:51):
peito de peru
lombo
MARRA sagt (20:51):
nao
nao
nao
Rodrigo sagt (20:51):
arroz
feijão
batata
macarrão
pizza
leite-moça
MARRA sagt (20:51):
ACERTOU
é um desses
chuta um
Rodrigo sagt (20:51):
leite moça
MARRA sagt (20:51):
ahhhh errou
Rodrigo sagt (20:52):
feijão
MARRA sagt (20:53):
errou
Rodrigo sagt (20:53):
macarrão
MARRA sagt (20:53):
errou
hihihi
Rodrigo sagt (20:53):
batata
porra
MARRA sagt (20:53):
HAHAHAHAHA
ERROU
Rodrigo sagt (20:53):
pizza???
pizza não é pizza mesmo?
MARRA sagt (20:53):
HAHAHHAHAHAHHAHAHAHAH
HAHAHHAHAHHAHAHAHHA
que incrivel
MARRA sagt (20:54):
vc errou até sobrar o ultimo
Rodrigo sagt (20:54):
puta que pariu
é arroz

Caretinhas

Uma das coisas mais engraçadas que eu sempre achei, desde pequeno, é conversar com pessoas que inconscientemente revivem as coisas que você conta. Isto é, elas têm a face dominada por sua história do princípio ao fim. Você fala que levou um baita susto e elas te olham assustadas. Você fala que depois ficou tudo bem, elas sorriem aliviadas pra você. Você fala que existem pessoas que te tiram do sério e elas concordam completamente irritadas, como se o tempo realmente tivesse fechado. Mas basta você contar algo engraçado que elas irão rir mais do que você, fazendo a piada perder totalmente a graça. Sem contar as pessoas que repetem baixinho o que você fala, com um delay de milisegundos. Chega a assustar.
Sempre tive amigos assim. E sempre instigava conversas beirando os limites, para ver se algum dia teriam um treco. Nunca aconteceu, mas com certeza me diverti muito com as expressões faciais fora de controle.
Sempre foi tudo muito engraçado. Até ontem. Eu estava no metrô olhando para um cara que devia ter algum distúrbio, e por causa disso, fazia umas cinco caretas por minuto. Eu havia pego a linha que mais demora pra chegar na minha casa, o que me fez ter uns bons minutos de diversão. E, já treinado a observar esse tipo de curiosidade, toda vez que eu sentia que seria descoberto, desviava meu olhar. No entanto, esse cara começou a retribuir o olhar. Sem querer ser descoberto. Ele olhava, eu percebia, olhava pra ele, ele desviava e fazia uma careta. E vice-versa. Vice-versa mesmo. Ao fugir de um dos seus olhares, olhei para fora do metrô e o vidro da janela refletiu minha própria face. E eu estava fazendo uma careta. A mesma careta dele, como se eu tivesse mexido com algo que não devia. Agora eu teria pego sua maldição e iria fazer a essa careta pro resto da minha vida, em intervalos de dezenas de segundos.
Desci do metrô preocupadíssimo, pensando em como seria trabalhar com esse problema. Iria perder as minhas amizades. Me tornaria uma caricatura para entreter os outros. E foi aí que o ápice da preocupação tomou conta de mim: E se eu sempre fiz essa careta, e o CARA tenha pego ela de mim?
Tudo começou a fazer sentido. Todas as pessoas que estavam sempre rindo do que eu falava, não riam de mim, mas riam da minha cara. Todos os foras que levei, todos os olhares estranhos. Tudo fazia sentido. E as pessoas que faziam as caretas que me divertiam, nada mais faziam do que me arremedar facialmente. Que tristeza que comecei a sentir.
Mas então lembrei que na terceira série havia perdido a competição de caretas da sala. Havia ficado entre os últimos, sei lá. Não podia ser isso. Eu realmente havia começado naquele momento. Cheguei em casa, olhei no espelho por dois minutos e vi que não estava mais fazendo careta. Foi coisa momentânea. Respirei aliviado e esqueci do tema.
Hoje reencontrei o mesmo cara. Ele acenou amigavelmente com um lenço branco em sua mão. Retornei o cumprimento. Mas não era pra mim. Era pra uma senhora de idade atrás de mim. Ela fez uma careta.